International flight

quarta-feira, 8 de junho de 2016

~ 365 dias depois

E, de repente, 365 dias passaram. Mas que ano! Quem diria que aos 23 ia viver sozinha (ou com uma indonésia, vá, e às vezes com um alemão), que ia começar a cozinhar, limpar e arrumar quase todos os dias, a gerir uma casa e pagar contas (pronto, só tenho umas duas por mês but still)... Ena cresci mesmo! Quer dizer, continuo a criança de sempre (e orgulhosa por não ter mudado nem uma pitada) mas as responsabilidades da vida adulta atingiram-me de frente.







Hoje tenho mais não sei quantos - opa, wallah, quem me dera saber o total! - países marcados no meu mapa pessoal mais outros tantos carimbos no passaporte, tenho mais mil e uma histórias para contar às mesas dos cafés de sempre, outra mão cheia de Amigos com A maiúsculo e uma conta bancária que nunca imaginei conseguir obter por mérito próprio com os 24 anos que agora somo.

Nem tudo são noites loucas em discotecas ao ar livre com bebidas pagas e DJs famosos, nem sempre o lifestyle no Dubai é o glamour que se imagina, de copo de vinho na mão numa praia de água cristalina. Nem sempre é festa, nem tudo é fácil. Há voos que são autênticos desafios, pessoas igualmente difíceis e dias que nos fazem ir abaixo. Cada vez que volto de Portugal chego com o pensamento de "mas o que é que eu estou a fazer aqui?" "Mas por que é que não mando isto tudo às urtigas se as pessoas com quem eu quero estar estão em Portugal?".

Mas depois penso no que conquistei, penso na minha família do Dubai e no que ainda está por vir. Nas coisas que ainda não vi, nos sítios que ainda não visitei, nas culturas com as quais ainda não contactei, nas situações com as quais ainda não lidei e nas pessoas que ainda não conheci. E quão aliciante é poder dizer "no próximo mês vou às Maurícias"? E quem diz Maurícias diz Phuket (ou fecha os olhos, aponta no mapa e diz "está decidido!") ou troca tudo por uns dias no Algarve com a família.

...E pergunto-me "e se não aproveitar agora, quando o farei?" E decido que não quero largar os hotéis de 5 estrelas, os biquínis lindos de morrer, as sapatilhas com luzinhas e as noites internacionais já (e que até posso trazer o meu Agros, a minha Gazela, bacon e pastéis de nata comigo para o sandpit). Que, apesar de perder datas importantes e o crescimento dos meus sobrinhos, há sempre o Skype, um voo de 8h a separar-nos mas que nos pode juntar para podermos pôr a conversa em dia ou mimar com presentes de todo o mundo e uma noite à borla na capital, nem que seja a trabalho, durante umas nunca suficientes 24 ou 48 horas.

Penso que neste ano me conheci a mim mesma melhor do que os restantes que estão para trás, que aprendi mais e vivi igualmente mais com tudo aquilo que aqui presenciei e que, caramba, afinal de contas tenho uma enorme rede de apoio cá com pessoas que alinham nas minhas loucuras. Que mais poderia eu pedir? Infelizmente sei que nunca iria ter isto se tivesse ficado e nunca tivesse arriscado voar. Não somos árvores, pois não? Não temos raízes. Podemos sempre mudar de sítio! - E quão maravilhoso isso é? :')

After all tenho pessoas que me acolhem às tantas da manhã nas suas casas depois de eu ter regressado de voos de 8h (LIS-DXB) e não querer ir dormir sozinha para casa e que me ensinam autênticas lições de vida tipo "como ser durona Serbian style em apenas 5 minutos", tenho pessoas que se certificam que não confundo os voos de madrugada e não falto ao trabalho e fazem maratonas de estudo comigo (com cadeiras a fazer de cenário só para eu visualizar o "a bordo" na minha cabeça quando o fritanço das 4 da matina já começa a bater), pessoas com corações do tamanho do mundo que me ensinam coisas básicas como coser um botão ou a ver a vida de outra perspectiva com sábios conselhos acompanhados a sangria, pessoas que me obrigam a arrastar o meu pesado e preguiçoso rabo para a praia ou para a piscina, que me tiram do sério e me dizem "tu és a pior" mil vezes por semana (ou que até por vezes me chamam de "Raquelinda" e me apanham a cantar no chuveiro com direito a vídeos no snap só para me irritar) e que eu sei que vou ter sempre por perto (ou que já tinha mas que agora também as tenho aqui comigo).

O bom disto é que não estamos sozinhos e o Dubai para mim não seria possível sem este punhado de Amigos que fazem a vida no deserto valer a pena. Estas pessoas fortes e corajosas são a minha família cá. São o meu dia-a-dia, nem que seja para meu chatearem ou irritarem de quando em vez. E quanto a isso eu só tenho que (lhes) agradecer. At the end of the day I really feel blessed :)


E que venha mais um ano (ou dois... Ou o que seja)! :D