No dia a seguir a ter recebido a chamada de uma das recrutadoras a dizer que tinha passado do OD, durante a qual é-nos dado um número para decorarmos como referência, eis que chega a vez do AD, já com um número substancialmente reduzido de pessoas.
Mais uma vez numa pontualidade britânica o dia teve início à hora marcada no Sheraton Porto Hotel & Spa e às 09.00am sharp as recrutadoras começaram a confirmar se toda a gente que tinha recebido o telefonema estava presente ao chamar pelos nossos nomes (não me lembro se foi pelos nossos nomes e/ou referência, visto já se terem passado 3 meses repletos de montanhas-russas de emoções mas creio que nos chamaram pelos nomes) e ao apontar em etiquetas autocolantes o nosso número e nome à frente. O meu número da sorte foi o 21.
Depois de atribuídos correctamente todos os números aos devidos candidatos the game was about to start. Separados em grupos grandes (e depois de um bom tempo à espera que chegasse a vez do meu grupo), entrámos finalmente na sala where the magic happens, que já se encontrava com as cadeiras a formar dois grandes círculos e a dividir a sala, um em cada ponta, onde nos tivemos de sentar por ordem numérica para começar as dinâmicas de grupo. A partir daqui a única língua que podemos falar é o inglês.
1ª Fase:
Parte I
In order to break the ice as recrutadoras entregaram a cada grupo de 3 elementos uns cartões com um objecto, ao qual tínhamos de dar 3 funções (uma por pessoa) "out of the box". Por exemplo, imaginem que o objecto no cartão que vos sai é um livro. Devem descrever situações em que o livro tivesse alguma utilidade ou dizer tudo o que poderiam eventualmente fazer com ele excepto dizer o básico do tipo "usaria o livro para ler". Got the picture? Têm que ser criativos. Depois de alguns minutos para discutirem com o vosso grupo, decidirem quem é que dirá o quê, escutarem bem os colegas e intervirem no tempo certo surgindo também com ideias próprias, é hora de apresentarem as três funções por vocês atribuídas ao vosso objecto aos restantes colegas e às recrutadoras.
Conselho: quando for a vossa vez de falar levantem-se, tenham o cuidado de mostrar o vosso objecto para todos verem e apresentem-se. Certifiquem-se que estão tranquilos falando pausadamente e sem estarem petrificados ao estilo múmia ou sem "miarem" quando falam (mas também não queiram mostrar que se safam super bem a falar em público, correndo o risco de se passarem por pessoas autoritárias ou "agressivas"). Sorriam o tempo todo e olhem as pessoas - principalmente as recrutadoras - nos olhos, sem medos, e não se esqueçam de passar a palavra ao colega caso não sejam o terceiro e último elemento do vosso grupo a apresentar a ideia. Claro que a voz pode sempre tremer um bocadinho por causa dos nervos mas tentem passar confiança e empatia.
Parte II
Após esta primeira interacção, já com o grupo um pouco mais alargado (os mesmos 3 elementos mais 1 ou 2), surgem novos cartões: um destino integrante da rota da Emirates é-nos atribuído com algumas imagens relacionadas com a cidade em causa para nos ajudar a pensar ao estilo "agente de viagens". Nesta actividade temos de trocar impressões sobre o que poderemos aconselhar um turista a fazer / visitar (passeio de barco / elefante, visitar o monumento x, comer no restaurante y, ir ver a atracção z). Ao contrário da primeira dinâmica de grupo nesta, ainda que todos discutam na mesma as ideias entre si antes de estas serem expostas aos colegas, é-nos pedido para arranjar um porta-voz (eleito ou voluntário) para apresentar os nossos resultados.
Após esta primeira interacção, já com o grupo um pouco mais alargado (os mesmos 3 elementos mais 1 ou 2), surgem novos cartões: um destino integrante da rota da Emirates é-nos atribuído com algumas imagens relacionadas com a cidade em causa para nos ajudar a pensar ao estilo "agente de viagens". Nesta actividade temos de trocar impressões sobre o que poderemos aconselhar um turista a fazer / visitar (passeio de barco / elefante, visitar o monumento x, comer no restaurante y, ir ver a atracção z). Ao contrário da primeira dinâmica de grupo nesta, ainda que todos discutam na mesma as ideias entre si antes de estas serem expostas aos colegas, é-nos pedido para arranjar um porta-voz (eleito ou voluntário) para apresentar os nossos resultados.
A partir daqui os cortes começam a ser feitos. Durante o tempo todo - e daí termos mesmo que falar em inglês entre colegas - as recrutadoras estão a observar e a tirar notas, circulando pela sala e atentas a cada movimento nosso. No final deste exercício a espera é longa e é afixada uma folha com os números "da sorte", ou seja, se o nosso número estiver afixado na parede passamos à próxima fase.
2ª Fase:
Parte I (sendo que aqui pode existir eliminação de candidatos)
A recrutadora deu-nos um papel com algumas regras da companhia para lermos enquanto chamava um a um para perguntar por piercings, tatuagens, cicatrizes e marcas de nascença (quanto a estes dois últimos não se preocupem porque, pelo que percebi, servem apenas para nos identificarem um dia mais tarde, caso seja preciso). De seguida, com as meninas descalças por causa dos saltos, tínhamos de chegar com a mão a uma linha - que pode ficar-nos a meio do comprimento dos dedos, sendo que uma parte fica acima da linha - presente num papel colocado estrategicamente na parede para a recrutadora poder medir o nosso alcance de braço (para ver se chegaríamos aos compartimentos das malas nos aviões).
Parte II
Segue-se a vez do temível role-play a.k.a. a fase em que eu tinha ficado da primeira tentativa.
Aqui, o exercício consiste num frente-a-frente entre nós e um hipotético passageiro muito insatisfeito interpretado pela recrutadora que está connosco (uma para cada grupo sendo que agora apenas existem 2 de cerca de 10 pessoas). Há dois tipos de enunciado diferentes (once again, um por cada grupo) mas cuja linha de raciocínio é sempre a mesma: há uma avaria no sistema e não temos lugar para os 8 passageiros que iríamos receber, todos eles já com bilhete reservado / comprado há meses, sendo que apenas temos lugar para 2. Em grupo, temos de discutir quem fica e quem vai, dar os nossos argumentos e chegar a um consenso entre todos em 15 minutos para depois explicarmos nós próprios, individualmente enquanto managers, aos passageiros que escolhemos para ficar de fora que não têm lugar no nosso hotel / cruzeiro.
Quando a recrutadora interpretou um dos furiosos passageiros que tínhamos decidido deixar de fora para o colega, que estava sentado ao meu lado, ele engasgou-se e eu percebi o que é que ele queria dizer. Se virem isto a acontecer e quiserem ajudar não interrompam e acho que podem sempre fazer como eu: apesar de na altura não fazer ideia se estava a fazer bem ou mal, apontei para a palavra do enunciado no cartão que ele estava a segurar na esperança de o ajudar a avançar naquilo que ele estava a querer dizer.
Não sei se foi por causa deste meu impulso ou não mas no instante a seguir a recrutadora disse o meu nome e o meu número e virou o jogo para mim. Como tivemos neste tête-à-tête imenso tempo (cada vez que eu achava ter "dado a volta" a recrutadora insistia mais um bocado comigo) achei que já tinha ficado por aqui. Aliás, esta fase no meu grupo correu tão mal que a recrutadora - que não pode dar feedback nenhum - chegou ao final e disse que a maioria de nós não tinha percebido o que era pretendido.
Depois desta explicação houve meninas que tentaram salvar a situação surgindo com aquilo que achavam que deviam ter dito. Não façam isto. Eu própria e o resto do grupo pensámos que íamos todos afundar menos quem falou a seguir mas a verdade é que ainda passámos alguns e nenhuma das meninas que decidiu falar depois da recrutadora passou para a fase seguinte. Não sei se terá alguma coisa a ver mas penso que sim (por isso aconselho-vos a NÃO o fazerem).
Conselho: Esta fase existe para avaliar como é que reagimos em situações inesperadas e como as controlamos. Não há uma resposta correcta no que toca aos passageiros que devem ficar e aos que devem ir mas serve também para ver qual a nossa maneira de pensar e se temos ou não em atenção opiniões diferentes às nossas (e se temos o bom senso de falar apenas nas alturas certas). O segredo é manter sempre o mesmo tom calmo, mostrar preocupação com o cliente e ajudá-lo da melhor maneira possível dentro das circunstâncias apresentadas.
E não façam como eu que, achando que já não ia ver o meu 21 afixado na parede, liguei para a minha boleia enquanto esperava pelos resultados. Não se dêem por derrotadas antes de (não) terem a confirmação! :)
Depois de uma considerável fatia de candidatos ter sido eliminadae de eu ter cancelado a minha boleia, foi o tempo do encolher de ombros e abandono por parte de algumas pessoas. No entanto, não foi só de despedidas que estes minutos foram feitos. Houve também lugar para a incredulidade e os suspiros de alívio daqueles que reconheceram os seus números no papel colado à parede (eu tive de confirmar duas vezes!).
Depois de uma considerável fatia de candidatos ter sido eliminada
Depois do pequeno festejo do pessoal que ficou as recrutadoras vieram ao corredor chamar-nos para darmos início à terceira fase: o teste de inglês.
Com uma, duas ou até nenhuma cadeira entre nós, que desta vez estávamos sentados aleatoriamente (os números eram também eles já "salteados"), começamos o teste de inglês - não sei antes termos ouvido as regras todas. Tínhamos cerca de uma hora para completar tudo, escrevendo apenas na folha que nos davam para o efeito e não no próprio enunciado. Os exercícios, para quem gosta e percebe a língua, são fáceis. Há que saber interpretar o texto principal, interpretar expressões, avisos e recados e saber criar os advérbios a partir dos nomes (like individual - individually. Coisas deste género). Tudo feito através de ligações, escolhas múltiplas e espaços a completar.
Como já aqui no OUAS disse, nunca andei num instituto de línguas mas, quem já frequentou, diz que se equipara aos exames FCE de Cambridge, que penso serem dos mais básicos. Para vocês verem como não há nada com que se preocuparem nesta fase: nós passámos todos (cerca de 19, se não estou em erro)! :D
O AD estava "ultrapassado". A seguir foram apenas formalidades: deram-nos uns papéis ler (como, por exemplo, o pagamento inicial, a mobília presente no apartamento que poderemos ter acesso se formos bem-sucedidos, etc) e outros tantos para preencher e entregar na hora e/ou na Final Interview (FI). Deram-nos também umas guidelines e umas check lists para nos guiarmos no que era ainda necessário fazer até à data da FI e levar connosco nesse dia.
O passo seguinte foi decidirmos entre nós (aqui já em português, finally) os horários das nossas FI. Há que ter em conta quem (não) é de longe e a disponibilidade de cada um que, neste meu AD, pôde ser repartida em três dias. A minha foi no terceiro e último dia, segunda-feira (o que iria permitir ter mais tempo para me preparar e organizar a papelada necessária para levar comigo).
O sentimento, no final do dia, foi de "missão cumprida" e de uma enorme alegria contrastada pelas tarefas que ainda tive de completar no meu último de dia de trabalho na empresa em que me encontrava. Exausta, com dores nos pés e de cabeça e cheia de fome, lá cheguei ao final do dia que não podia ainda acabar sem ter preenchido, na derradeira chegada a casa, um psychometric test no portal online da EK (e respondido em modo anónimo a umas perguntinhas que eles nos fazem no site para fins de marketing).
Não se preocupem com o psychometric test que se faz em 15 / 20 minutos e serve para avaliar a nossa personalidade. A FI pode ser baseada no resultado que obtiverem a partir deste teste - pelo que é mesmo importante que o façam até à meia-noite, mesmo com a FI para 2 ou 3 dias depois porque as recrutadoras têm acesso a eles logo a seguir - mas este consiste apenas em distribuir umas bolinhas de acordo com a importância que damos a certas situações que nos expõem nos enunciados. Tal como a fase do role-play não há respostas certas ou erradas, apenas temos de ser sinceros.
Para vocês verem foi por causa disto (e de me ter atrasado por não contar ter de adiantar relatórios mensais durante a minha última hora de trabalho no escritório) que me vi obrigada a contar às minhas amigas mais chegadas o que é que se estava a passar. Nestes assuntos sou um bocadinho supersticiosa mas sei que provavelmente iria acabar por contar-lhes durante o jantar. Como tinha sushizada marcada para a hora em que comecei a fazer o psychometric test, tive o apoio de uma das minhas melhores amigas que estava comigo enquanto eu fazia o teste e ela acalmava as restantes, por telefone, que já estavam à nossa espera. Isto tudo para vos dizer que fiz o teste com atenção mas à pressa e pronto, despachei logo aquilo.
Assim, depois de, pessoalmente, explicar os motivos pelo meu gigante atraso, as minhas girlfriends perdoaram-me e fizemos a festa toda. Isto porque, ter chegado até aqui, era já uma vitória para mim. Agora não havia espaço para falhas! O stress acumulado foi embora pela companhia e maravilhoso sushi, embora confesse que os brindes com divinais sangrias ajudaram. ;)
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